quarta-feira, 20 de outubro de 2010

post-it

oi!
como já postamos, estamos fazendo uma intervenção com post-its. por onde passamos, deixamos poemas, citações e desenhos que nos remetam à simplicidade e que são simples por si só.
hoje, na puc, espalhamos mais post-its e dessa vez tiramos fotos:
 








também vou aproveitar pra deixar aqui uma poesia minha, duda.

sorriso
só riso
só isso
tudo.

beijos

obs. pra ver a foto aumentada é só clicar nela

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

drummond e manoel de barros

boa tarde!
venho aqui registrar alguns poemas do livro "antologia poética", de carlos drummond de andrade — grande poeta e escritor brasileiro, nascido no ano de 1902 em minas gerais.

partes de "o lutador"
"lutar com palavras
é a luta mais vã.
entanto lutamos
mal rompe a manhã.
são muitas, eu pouco.
algumas, tão fortes
como um javali.
não me julgo louco.
se o fosse, teria
poder de encantá-las.
mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
(...)
lutar com palavras
parece sem fruto.
não têm carte e sangue...
entretanto, luto.

palavra, palavra
(digo exasperado)
se me desafias, aceito o combate.
(...)
luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento..."

parte de "memória"
"as coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão."

parte de "lira romantiquinha"
"acaso ignoras
que te amo tanto,
todas as horas,
já nem sei quanto?
(...)
minh'alma chove
frio, tristinho
não te comove
este versinho"

encontrei agora pela internet um texto ótimo e que tem tudo a ver com o projeto, do manoel de barros — "soberania"
"naquele dia, no meio do jantar, eu contei que
tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo
do vento escorregava muito e eu não consegui
pegar. eu teria sete anos. a mãe fez um sorriso
carinhoso para mim e não disse nada. meus irmãos
deram gaitadas me gozando. o pai ficou preocupado
e disse que eu tivera um vareio da imaginação.
mas que esses vareios acabariam com os estudos.
e me mandou estudar em livros. eu vim. e logo li
alguns tomos havidos na biblioteca do colégio. 
e dei de estudar pra frente. aprendi a teoria
das idéias e da razão pura. especulei filósofos
e até cheguei aos eruditos. aos homens de grande
saber. achei que os eruditos nas suas altas
abstrações se esqueciam das coisas simples da
terra. foi aí que encontrei einstein (ele mesmo
— o alberto einstein). que me ensinou esta frase: 
a imaginação é mais importante do que o saber.
fiquei alcandorado! e fiz uma brincadeira. botei
um pouco de inocência na erudição. deu certo. meu
olho começou a ver de novo as pobres coisas do
chão mijadas de orvalho. e vi as borboletas. e
meditei sobre as borboletas. vi que elas dominam
o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no
corpo. (essa engenharia de deus!) e vi que elas
podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as
próprias asas. e vi que o homem não tem soberania
nem pra ser um bentevi."

o texto foi extraído do livro "memórias inventadas — a terceira infância", editora planeta. 

até logo,
beijos!

haresimplicidade

bom dia!!!
bom, ultimamente nós temos feito uma intervenção itinerante. distribuímos por aí post-its com mensagens, desenhos, etc! ou damos diretamente à alguém.
nesse feriado aconteceu uma coisa engraçada. nós estávamos na praia, com mais alguns amigos, e eu, sofia, estava mexendo no meu caderno de projeto — que estava com todos os post-its. o rafa "hareburguer" (quem freqüenta as praias do leblon e ipanema sabe quem é, mas quem não, é um cara mucholoco que vende hamburguer de soja, o "hareburguer") viu e perguntou: "harelembretes?"
hahahahahaha, nós achamos muito bom!!! ele até ganhou um "harelembrete" e saiu pela praia com ele colado na mochila... pena que não deu pra tirar foto!!!!!

"a poesia não é feita com palavras. a poesia já existe." l.f.veríssimo

beijo grande!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

na uruguaiana

boa noite!!
estamos mais animadas do que nunca com o projeto! logo logo vamos contar mais do que está rolando por agora... mas acho válido também contarmos um pouco do que já aconteceu! né?
depois dessa intervenção das flores no leblon, nós continuamos fazendo algumas outras, de diferentes formas. percebemos que queríamos produzir o material junto com as pessoas, que elas dessem idéias, falas, desenhos, poesias, sorrisos... sei lá, qualquer coisa. qualquer material que fosse gerado dessas intervenções teria que ser gerado em conjunto! nós somos só duas, e nos limitar apenas às nossas idéias seria pouco pro que a simplicidade envolve.

fomos um dia pra uruguaiana, usando camisas brancas e sugerindo que as pessoas deixassem mensagens de qualquer tipo nelas. para cada um que escrevia, a gente dava uma florzinha. dois amigos nos acompanharam, mais uma vez: o joão ramil, que "vestiu a camisa" e o felipe felizardo, que é fotógrafo e ficou responsável pelo registro. ele fez muuuuuuitas fotos, impossível postar todas aqui. mas estão incríveis! obrigada aos dois, foi uma delícia passar o dia na companhia de vocês.

algumas das fotos da intervenção:















quinta-feira, 7 de outubro de 2010

flores no leblon

boa noite!
logo no começo do projeto começamos a perceber importância que damos ao olhar em volta, conversar com as pessoas, ouvir pontos de vistas diferentes. vimos como nós gostamos de nos relacionar com outras pessoas e como elas podem nos ajudar no desenvolvimento do projeto.
em uma das nossas primeiras reuniões, tivemos a ideia de fazer uma intervenção. para trocar ideias com desconhecidos, nos relacionar com os outros.
numa segunda feira à noite, nós e mais dois amigos fomos ao baixo leblon para distribuir rosas, gérberas, bocas-de-leão e girassóis — marina tolipan (marininha) filmou tudo e andré cavendish (dé) ajudou a distribuir as flores.
ao entregar as flores não esperávamos nada em troca. ou melhor, esperávamos o acaso. tentamos não criar expectativas, o objetivo era justamente observar as reações das pessoas.
enfim, acho que o vídeo fala por si só.
foi muito divertido acima de tudo, uma delícia de se fazer!
agradecemos a todos que participaram.

link no youtube — http://www.youtube.com/watch?v=srtdilELQck

beijobeijo

terça-feira, 5 de outubro de 2010

aproveitando esses último post da duda, vou postar aqui um texto — não tão pequenininho, mas muito bom, vale a pena — do leminski, meu preferido. ele fala, como o nome já diz, que a poesia está também no leitor, não só no autor. adoro o jeito como ele se desenrola durante a leitura. transcrevi diretamento do livro "ensaios e anseios crípticos".

"poesia no receptor"
"de jesus, contam os evangelhos que, quando a polícia romana irrompia em algum sermão da montanha, revistando e prendendo todo mundo pelo porte de livros de moisés, o divino mestre sempre gritava:
- quem não tiver pecado, atire a primeira pedra.
o pau comia e a cana era dura. mas a frase ficava.
quando discutiam problemas de estado com luís xiv, seus ministros sabiam que a discussão não ia longe. logo luís arrasava qualquer argumentação com o célebre:
- l'êtat, c'est moi.
e era.
na alemanha nazista, goebels, ministro de hitler, comparecia em palestras sobre cultura, só para, no final, bradar alto e bom som:
- quando ouço falar em cultura, levo a mão ao meu revólver.
e levava.
conferencista que se preza (e preza sua arte) tem sempre prontas pelo menos meia dúzia de frases de impacto garantido, para sacar no caso de uma conflagração nuclear mais séria.
sem querer me comparar a esses ilustres predecessores, quase nada do que eu digo em palestras e colóquis sobre poesia causa tanto impacto quanto a afirmação de que a poesia é feita para os poetas.
é como se eu dissesse que a medicina é feita para os médicos, não para os doentes. que a física nuclear só diz respeito aos físicos. ou que na guerra só devem morrer os soldados.
neste mundo, sordidamente mercantil que nos foi dado viver, temos um pavor instintivo de todas as coisas intransitivas.
do amor, por exemplo, tudo o que sabemos é que ele existe.
claro. num mundo assim, todas as coisas tem que ter um porquê. exatamente porque, no universo da merdadoria, tudo tem que ter um preço. tudo tem que dar lucro. o porquê é o lucro, no plano intelectual das coisas.
aí é que a poesia pinta. e dança, no mau sentido.
que fazer com alguma coisa que não serve pra nada, a não ser para continuar vivendo, como um peixe-boi, um cáctus, um tucano, um bicho preguiça?
e que dizer de uma frase assim: a poesia existe para satisfazer a necessidade de poesia dos poetas?
escândalo, loucura e anátema!
quando, em minhas palestras, chego nesse ponto, instala-se o tumulto, que deixo desenvolver-se um pouco para valorizar a frase que vem a seguir.
- um momento. poeta não é só quem faz poesia. é também quem tem sensibilidade para entender e curtir poesia. mesmo que nunca tenha arriscado um verso. quem não tem senso de humor, nunca vai entender a piada.
e concluo:
- tem que ter tanta poesia no receptor quanto no emissor.
nesse auge, a multidão prorrompe em aplausos e me carrega em triunfo até o bar mais próximo, onde beberemos à saúde de todos os poetas-produtores e todos os poetas-receptores do mundo.
saúde a vocês que fazem, saúde a vocês que curtem, pólos magnéticos por onde passa a faísca da poesia."


nessa mesma "temática", hehehe, lembrei de uma poesia do mario quintana; outro poeta maravilhoso.  chama-se "os poemas"

"os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se de um instante em cada
par de mãos e partem.
e olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti..."

e de uma frase, do mesmo autor: "um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente... e não a gente a ele!"


pra resgatar um pouquinho a simplicidade nesse meu post gigante e um pouquinho complexo, um desenhozinho meu mesmo, no tablet; mais simples impossível...















beijos,
sofia

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

"experiência neoconreta"

ferreira gullar — escritor, poeta, crítico de arte e também artista —, em 1959 redigiu o manifesto neoconcreto, junto com lygia clark, amilcar de castro, lygia pape, franz weissmann, theon spanúdis e reynaldo jardim.

no livro "experiência neoconcreta", lançado pela cosac naify em 2008, o poeta relata as etapas da formação do grupo. fala sobre a criação dos livros-poema (três deles acompanham o livro) e dos poemas espaciais. o projeto gráfico do livro faz referência ao design da época e aos poemas do autor. ou seja, além de ser um registro de um momento importante, também é um livro-objeto. 

encontramos esse livro na livraria da travessa, onde também descobrimos outros mais. como "a aventura do livro experimental", de ana paula mathias de paiva — editora autêntica, edusp. esse é um livro que conta a história dos livros, é todo ilustrado por modelos diferentes de encadernação e contém várias informações bastante úteis para nossa pesquisa. 
não deu para comprar todos, mas anotei algumas passagens que achei interessantes:

"funções do livro:
entreter, documentar, registrar, reunir, mediar, autenticar, interpretar, possibilitar, demonstrar, ilustrar, intrigar, divertir, resgatar, fazer refletir..." 


"um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós", franz kafka


"ler um livro é para o bom leitor conhecer a pessoa e o modo de pensar de alguém que lhe é estranho. é procurar compreendê-lo e, sempre que possível, fazer dele um amigo." hermann hesse


"mas quem deverá ser o mestre? o escritor ou o leitor?", denis diderot


"agora, livro meu, vai, vai para onde o acaso te leve", paul verlaine


"ler para viver", gustave flaubert


algumas fotos do livro do ferreira gullar — "experiência neoconcreta": 




 beijos